A Voz do Corredor
- Alana Marin
- 25 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Cena única
Uma menina com uniforme de escola e machucada chega ao final de um corredor sem saída, joga a mochila no chão, chora e grita.
Menina: Eu odeio! Eu odeio esse lugar! (gritos) Se eu pudesse mataria de todos eles! (gritos)
O grito da menina produz um eco, mas o que se estende pelas paredes é outra voz.
Voz: Deveria ter mais cuidado com o que diz. As paredes podem ouvir.
Menina: Quem tá falando?!
Voz: Eu? Eu sou o eco. Eu sou a voz. Eu estava aqui primeiro e vou estar aqui depois.
Sons de muitas patas andando ligeiras dentro das paredes em direção ao teto.
Menina: Por que não mostra seu rosto?
Os sons param.
Voz: Rosto? Eu não tenho rosto. Ou tenho? Eu não sei. Nunca vi. Nunca vi nada, apenas escuto.
Os sons continuam
Menina: Você nunca saiu? Como pode viver na parede? O que é você?
Voz: O que sou eu ? O que é você? Eu escuto tudo, mas ninguém é tão barulhento como você. Meses e mais meses chorando e gritando… cheia de raiva, cheia de ódio, cheia de medo…
Menina: Se sempre esteve aí, por que só se revelar agora?
Voz: Porque hoje eu ouvi mais raiva, ódio e medo do que qualquer outro dia.
Os sons das patas ligeiras param novamente no teto em cima da menina.
Voz: Você realmente quer isso?
Menina: O que?
Voz: Eu disse para ter cuidado. Você nunca sabe quem pode estar ouvindo… sorte ter sido eu…
Menina: Você… faria?
Voz: Considere um presente.
As patas saem disparadas pelo teto. Ao virar o corredor as luzes se apagam. Ouve-se sons de passos, correria, gritos de meninos e meninas, pancadas e esguichos. As luzes acendem. A menina está entre os colegas mortos, há sangue por todo o espaço e nas mãos da menina. Muitas pegadas por todas as paredes que terminam no teto sem explicação. As pegadas param em cima da menina.
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