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A Voz do Corredor

Cena única


Uma menina com uniforme de escola e machucada chega ao final de um corredor sem saída, joga a mochila no chão, chora e grita.


Menina: Eu odeio! Eu odeio esse lugar! (gritos) Se eu pudesse mataria de todos eles! (gritos)


O grito da menina produz um eco, mas o que se estende pelas paredes é outra voz.


Voz: Deveria ter mais cuidado com o que diz. As paredes podem ouvir.

Menina: Quem tá falando?!

Voz: Eu? Eu sou o eco. Eu sou a voz. Eu estava aqui primeiro e vou estar aqui depois.


Sons de muitas patas andando ligeiras dentro das paredes em direção ao teto.


Menina: Por que não mostra seu rosto?


Os sons param.


Voz: Rosto? Eu não tenho rosto. Ou tenho? Eu não sei. Nunca vi. Nunca vi nada, apenas escuto.


Os sons continuam


Menina: Você nunca saiu? Como pode viver na parede? O que é você?

Voz: O que sou eu ? O que é você? Eu escuto tudo, mas ninguém é tão barulhento como você. Meses e mais meses chorando e gritando… cheia de raiva, cheia de ódio, cheia de medo…

Menina: Se sempre esteve aí, por que só se revelar agora?

Voz: Porque hoje eu ouvi mais raiva, ódio e medo do que qualquer outro dia.


Os sons das patas ligeiras param novamente no teto em cima da menina.


Voz: Você realmente quer isso?

Menina: O que?

Voz: Eu disse para ter cuidado. Você nunca sabe quem pode estar ouvindo… sorte ter sido eu…

Menina: Você… faria?

Voz: Considere um presente.


As patas saem disparadas pelo teto. Ao virar o corredor as luzes se apagam. Ouve-se sons de passos, correria, gritos de meninos e meninas, pancadas e esguichos. As luzes acendem. A menina está entre os colegas mortos, há sangue por todo o espaço e nas mãos da menina. Muitas pegadas por todas as paredes que terminam no teto sem explicação. As pegadas param em cima da menina.

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